Coisas que o Meu Namorado Nunca Vai Fazer


Será que esse daí teve o mesmo fim que o padre?
(risadas ao fundo)

Conto da Vez

O monstro do Cocô
(aham, é isso mesmo que você leu)


O estranho ruído a fez saltar da privada alta. Também a fez lembrar-se de alguém quando sopra num canudinho um copo de água. Um canudinho articulado, pois sua mente de criança achava aquela a mais divertida engenhoca, e pensar nos canudos comuns, enxergava que simplesmente não dava. Blum, blum! — a princípio pensou estar ouvindo o resmungo do estômago mal-humorado. Mas a repetição daquilo não deixou dúvidas: ele vinha de baixo. Então, num suspirozinho de menininha nova, escorregou o bumbum da louça fria, enquanto nem havia principiado o pipi. Só depois disso notara que seu macacão enrolava-se nas canelas, ficando ela só de camiseta, e nada mais para baixo do umbiguinho, a não ser pele infantil e imaculada. Mas não tornou a se vestir.

Mal havia saltado, tinha girado, com o corpo, o olhar curioso de criança para dentro da bocarra banguela e branca, que também a mirava — a idéia, de tão real que era, gelou-a por dentro. Subiu três dedos pequeninos na altura da boca rosada, semi-aberta em um gritinho mudo. Pois em toda a latrina não se via nada, a não ser o preto.

Borbulhou, e olhos amarelos, de íris fendida, como as de um réptil, ergueram-se daquele lamaçal, indistinguível. Borbulhou outra vez.

— Papai!, e no grito, a coisa que a observava afundou. Tem um monstro dentro da privada!

E é assim que surge Paulo. Bigodes, ele só é bigodes. Desvia a expressão da latrina, e olha para a filha, com um olhar desaprovador e ao mesmo tempo curioso — a quina da sobrancelha sobre; uma esquina peluda, na geografia da sua cara. Depois de fincar as mãos no quadril, pergunta sorrindo:

— Mas o que foi que você andou comendo? Mas o que foi que sua mãe andou dando a você? Ou foi algo que ela não lhe deu?, fez as três perguntas seguidas, sem obedecer muito a uma estética em sua formulação.

— Nada, Margaridinha negou, com os cachos balançando. Pequenos e armados cachos da cor do ouro, como as raspas da madeira do carpinteiro. Nada! nada! nada!, disse outras três vezes, sem, contudo, estar com medo do pai.

Ok. Aquilo e o mimo que dispensava na sua criação bastaram a ele.

— Preciso buscar uma coisinha na dispensa, uma coisinha que desentope privadas. Preciso falar com sua mãe. Preciso também descobrir com a companhia de esgoto se outras casas da cidade têm apresentado problemas com regurgito de “sujeira”. O homem era mecânico na formulação das orações, verbalizava um bando de palavras repetidas; e sobretudo sempre se satisfazia, se o comunicado fosse entendido.

— Não! não! não! Se me deixar aqui, ele me come!

Margaridinha agarrou-se às calças de brim do pai, e escondeu-se atrás do seu par de pernas altas. Lançou de trás um último olhar para o vaso branco torneado; um olhar de uma única sobrancelha erguida, herança comportamental paterna. O homem riu. Virou-se, agachou-se, soprou do seu rosto um cacho teimoso, ergueu seu macacão e abotoou as duas alças, quando não notou nela umidade, cobrindo as vergonhas. Nariz a nariz, disse:

— Não há monstro algum.

— Olhinhos...

— Também não há olhinhos. Olhinhos ficam em cabecinhas, como a sua, declarou mimoso — numa docilidade que o afeminara —, segurando com amor a cabeça da garotinha entre as mãos. Agora, tinha todo o tempo do mundo para reparar como suas bochechas eram rosadas. Rosadas, não, vermelhas: que ficavam ainda mais. Vermelhas, como se o sangue do corpo todo subisse de repente para um único ponto, o seu rosto. Então, de repente seus lindos olhos cresciam, as íris azuis se perdendo nos dois globos brancos. A menina toda vermelha apontou por cima do seu ombro, onde instantes antes focalizara a visão.

Mas o homem não chegou a virar totalmente a cabeça, antes de ser surpreendido. Os bigodes, os olhos e a boca sorridente estavam no meio do caminho, quando um braço gigante que brotara da latrina fechou os dedos sobre seu rosto. Um braço gotejante, que sujava de água marrom os azulejos limpos. Massacrou rosto, ossos, bigodes, verteu sangue, miolos, um olho e cacos de dente. Puxou-o de repente, içando o corpo gritante, como uma fruta grande presa na ponta do galho vergado que ainda a sustenta. O homem sacudia as pernas no ar, e a filha não gritava. Estava, mesmo, a pensar que seu monstro existia. Existia! Os bracinhos de boneca caíam frouxos ao lado do corpo, enquanto ela assistia ao desfecho da luta entre seu pai e um braço. Um braço marrom, viscoso, ereto e terrivelmente fedido. Um braço gotejante, e fedido. Fedia caquinha, e como caquinha às vezes o é, era cravejado em toda extensão por gotículas de milho amarelo. O membro por fim sugou seu pai para seu mundo fedido, e este entupiu o vaso, com a cabeça oferecendo resistência, mesmo toda massacrada, desmiolada; mesmo assim, ainda dura. Terminaria a morrer afogado, enterrado até os ombros no vaso. Os bicos do sapato ainda chutavam o chão, meio já sem força. E lá dentro a boca massacrada da cabeça massacrada gorgolejava gritos surdos. Massacrados. Blum-blum! blum-blum! blum-blum!

A Margaridinha deu as costas. Uma nuvem de cachos ocultou seu rosto num tempo. E a menininha, que não passava de um macacão frouxo com pernas vivas, saiu correndo, gritando:

— Mamãe, mamãe!, o monstro do cocô pegou o papai!

Escrito por Diogo Bernadelli na comunidade
Histórias de Terror.


Ah, vai, ficou sinsitro ou não ficou?

Desvendando os Mistérios sobre o Ensino Médio

Nos meus tempos de pirralhinha educada pela TV a cabo e viciada em canais do gênero Nickelodeon and Cartoon, sempre achei que o ensino médio seria o ponto alto da minha vida, que iria dar significado à toda minha existência, uma orgia de aventuras e romances e situações cômicas. Tudo isso culpa, é claro, daqueles seriados super fodásticamente engraçados da Nick (pelo menos rpa uma garota de 10 anos).

É claro que ainda estou no primeiro ano, e se estou lá há mais de um mês já é muito, mas desilusões já foram criadas, então é por isso que vou fazer esse post. Para ajudar minhas irmãs loiras de coração. (ah, vá, tenho certeza de que você entendeu a piada)

O ensino médio não é uma orgia - você não vai estar toda-toda porque fez quinze anos e, basicamente, ainda vai ter a mesma cara que no ano passado. Os garotos bonitinhos não vão achar uma graça você os encarando fixamente e os seguindo até o banheiro, acredite em mim.

Não existem panelinhas
- panelinhas só foram inventadas pra dar um drama maior nos seriados americanos, e, na real, isso não existe de verdade. Uma garota vestida de rosa nunca te olharia com nojo por estar usando jeans, e nem um grupinho de garotos fortões se juntaria pra enfiar a cabeça de um nerd na lixeira.

Todos odeiam educação física - Fato.

Professores gostosos existem! - Sim! Sim! Pode ficar alegre e criar esperanças, porque eles realmente existem! Eu mesma tenho um de marketing que, ui...

Você vai matar aula - Se você nunca cometeu um pequeno delito desses na vida, prepare-se, porque etará prestes a fazê-lo. Cedo ou tarde, você aprende a matar aula, e é bem mais fácil e indolor do que parece. So tome cuidado, é altamente viciante.

As matérias são as mesmas do fundamental - Isso também é verdade. Mas não adianta ir ficando alegre, porque estão três vezes. Eles pegam aquilo que você já estudou e se aprofundam até você saber qual o nome, sobrenome, cor do cabelo, qualidades das unhas, preferências musicais e estado civil de cada um dos reis da frança.

Se você passou para uma escola estadual/federal/qualquerumaemqueodinheironãosaidobolsodosteuspais, prepare-se pois são muitas as vezes em que os professores faltam, ou, por qualquer motivo que seja, você não vai ter aula.

E, por último:

As pessoas não começam a dançar e cantar do nada por qualquer motivo aleatório que seja.